«Na presente exposição, Nuno Cera aborda um conjunto de cursos de água nacionais e regionais complexificando o seu olhar sobre o tema mas mantendo os valores estéticos que orientaram o trabalho original e os que dão sentido ao seu discurso de autor: a capacidade de atracção que a imagem tem sobre o corpo de quem olha coexiste com um clima de distanciamento capaz de evitar excessos emotivos (a melancolia do observador em relação à imagem, por exemplo) e agudizar as qualidades racionais da observação. Esta afirmação é verdade quer para as fotografias paisagísticas e não narrativas de Nuno Cera que aqui se apresentam como para as declinações narrativas ou para-narrativas dos seus vídeos e vídeoinstalações, onde o som (música e/ou diálogo) tem importância decisiva, ou das suas composições fotográficas.
Nesta série de rios é o equilíbrio entre as partes constituintes de cada foto que garante a harmonia da imagem e transmite a tranquilidade geral que delas se desprende. Deste modo, cada imagem parece uma solução perfeita para a transmissão do real observado e, ao mesmo tempo, tal perfeição faz-nos desconfiar de que se pode tratar de uma realidade artificial. É por isso que somos conduzidos a esse duplo movimento de adesão global e de observação minuciosa, como se através da atenção racional aos pormenores de cada imagem procurássemos confirmar a aceitação emocional que elas desencadeiam.» João Pinharanda
A exposição, que esteve presente do Pavilhão de Portugal da Expo 2008 em Saragoça, é constituída por quinze fotografias: três no formato de 110 por 145 centímetros, onze no formato de 45 por 60 centímetros e uma no formato de 72 por 200 centímetros.
Integra ainda o vídeo “Olhar um Rio Novo", 2008, filmado em HD e transcrito para DVD (16:9, PAL, 2´30´´).
Acompanhada por um catálogo bilingue com texto de João Pinharanda e reprodução das obras em exposição.
Comissário Luis Serpa
Produção Museu da Luz e O Museu Temporário
No âmbito do ciclo Territórios de Transição_Espaço, Lugar e Paisagem: exposição#10
